JACQUELINE MELO
PRODUTORA & CURADORA
TENHA FÉ
A exposição virtual Tenha Fé ocupou as redes sociais do @laurindasantoslobo entre os dias 20/11 e 04/12/2020. Com curadoria de Jacqueline Melo @jacmelo114 e Mariana Maia @marianamaiaato, teve como um dos objetivos reverenciar o dia da consciência negra, através da arte de Anderson Barreto @somqueanda, Darlene Santos @eusouosol7, Rastros de Diógenes @rastrosdediogenes e Rona @ronaartista, que trouxeram em suas poéticas a sabedoria da cultura, arte e religiosidade afro ameríndia, fazendo viver Zumbi, aquele que não morre nunca, incorporado nas batalhas cotidianas de brasileiros e brasileiras.
Tenha Fé nos convoca a manter a firmeza, diante das dores de um ano pandêmico, apesar de uma história negra e indígena de luta e resistência. Ter fé é consagrar nossos ancestrais que enfrentaram, também, um mundo de adversidade, utilizando as sapiências africanas e dos povos originários para entender o mundo e criar formas de viver.
Os artistas trouxeram à tona uma episteme naufragada pelo racismo, mas que é fundamental para entender o pensar brasileiro. Buscando no passado, as chaves para decifrar o presente. Através de ritos performativos anunciam Exu, colocando a vida em movimento, nos quintais, salas, ruas.
Na encruzilhada encontramos as Duas Escadas de Anderson Barreto. Um labirinto de altos e baixos. Espaço acrônico, renascido na presença das espadas de Ogum e Oyá. Darlene Santos reivindica sua paga, através do trabalho Apanágio. Gargalha e vocifera aos que impuseram a degradação sobre os corpos de mulheres negras, figurando sua ignorância e medos demoníacos. Rastros de Diógenes, com Herbário Anticolonial, nos convida ao deslocamento. Imergindo na natureza a nossa volta. Encontrando na vida que brota memórias afropindoramicas. Rona, em defumAÇÃO limpa a sua morada, queimando ervas, performando um ato de cura, libertando o corpo do espírito da gravidade. Fazendo voar para longe, junto a fumaça, tudo aquilo que tem peso, restando o etéreo e as energias da natureza.
Moventes pela fé e arte, cremos em uma herança astuta e belicosa, que iluminará esse dia de celebração da consciência e os tempos vindouros.
defumAÇÃO - @ronaartista
"Saio um pouco de mim em busca de outro que esse sim inicia outro movimento que não o meu corpo no dia a dia, mas uma Ação de giros e alcances em busca de fortalecimentos espirituais e do próprio território. Defumar é algo muito antgo pra mim que herdei de meu pai e os movimentos e falas ditas durante o ato me fortalecem no simples ato de defumar. Mas quando trago para a performance é outra relação, que também exige a força do corpo, mas é outro campo em que encontro na Performance uma outra expressão de devoção, pela arte, pelo visual, pelo processo e me conecto ao espiritual por outro caminho, mas ambos me levam onde me sinto se expressando! A performance mostra o processo desde o acender do carvão e vela e copo com água e olho de boi, as ervas secas, até o ato fnal onde a lata de defumação é deixada do lado de fora da porta até apagar naturalmente."
Edição vídeo: Leandro Cunha @leandro_cunha_fotografia
"Rona é artista visual, nascido e criado na Boca do Mato, onde vive e trabalha até hoje. Teve contato com a Arte de Costura, bordado, escrita e desenho ainda menino. Mas era a Dança sua maior expressão nas festas da Comunidade. Entrou para um curso LIVRE de teatro aos 15 anos e um PORTAL se abriu. Atuou pouco como ator, mas trabalhou em teatros durante anos como CARTAZISTA e LETRISTA, Assistente de Produção, fez Dança AFRO também num curso LIVRE durante 4 anos e seguiu e segue sua intuição atuando como ARTISTA autodidata e independente atuando como Performer, Escritor, Cenógrafo, Figurinista, Diretor de Arte... Ganhou prêmios como roteirista, cenógrafo e fgurinista. A pintura tornou-se forte aos 18 anos, desenho desde menino, mas os experimentos me abrem as possibilidades de inventar, tornar possível. De criar mesmo!! Os não Lugares me interessam muito!!"
"APANÁGIO" é um expurgo da maldição que assombra a maioria dos povos. Rezas, exorcismos, proteções e políticas públicas são armas. Amenizam e curam as mazelas provocadas no corpo e no inconsciente de várias gerações. Mutilaçâo e aniquilamento são atitudes recorrentes de uma herança odiosa e perversa."
Ficha técnica
Texto e Criação: Darlene Santos @eusouosol7 / Vídeo: Jacqueline Melo @jacmelo114 / Edição: Mariana Maia @marianamaiaato
Produção: Anderson Barreto @somqueanda
Darlene Santos, @eusouosol7, é Cientsta Social, Atriz, Brincante e Ativista Cultural. Possui formação em Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Estudou na Companhia Ofcina de Teatro - COTEATRO. Pesquisadora de Cultura Popular, Música, Teatro, Cinema, Relações Étnico-Raciais, Direitos Humanos e Performance. Ministra ofcinas de danças populares, como Cacuriá e Tambor de Crioula. Realizou o trabalho “Lélia Gonzalez, uma leitura-performance” (2019) na Blooks Livraria. Atuou como atriz e pesquisadora na montagem “Medeia e suas margens” (2017-2018) no projeto Zonas de Contato, UERJ. Partcipou como atriz, no espetáculo do Coral Altivoz, “Todos os Santos” (2017) no Teatro Odylo Costa Filho. Palestrou no AdF. “crise do Festval Atos de Fala” (2017) no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Partcipou na “Mostra de Arte Negra AFROntamento” no Hotel e Spa da Loucura, Insttuto Nise da Silveira. Atuou como atriz e brincante no espetáculo musical “Balaio de Saias” no Teatro Cacilda Becker. Atuou, também, como atriz e produtora do filme curta-metragem “O ganhador”.
Duas Escadas, artista Anderson Barreto
"Duas escadas é um rito-performance-plantio.
É ocupação de espaço público.
É abertura de portal.
É sobre tempo.
É sobre mim e quem veio antes.
É sobre axé."
Ficha Técnica:
Concepção e Performance: Anderson Barreto @somqueanda / Texto: Rona @ronaartista / Direção de Fotografia/ Câmera: Jacqueline Melo e Mariana Maia @jacmelo114 @marianamaiaato / Edição: Anderson Barreto e Leonardo Samarino 🌿🌿🌿🌿🌿🌿
Anderson Barreto, @somqueanda, é artista multilinguagem e educador. Atua como contador de histórias, ator e performer. Em seu trabalho, estabelece interseções entre arte, cura e ancestralidade, criando ambientes de refexão, escuta, afetividade. Atuou em diversos espetáculos, performances, intervenções urbanas e contações de histórias. Foi arte-educador em museus e centros culturais, como CCBB Rio de Janeiro, Museu do Meio Ambiente (RJ), Biblioteca Parque da Rocinha (RJ) e Bienal de São Paulo. Atualmente desenvolve pesquisas e trabalhos artisticos, é professor de Literatura Infantojuvenil no Colégio Maxx (RJ), cofundador do Comboio Coletivo Artistico e integrante de Ayó Encontro Negro de Tradição Oral.
"Herbário Anticolonial" é um encontro que envolve plantas de poder y a performance como mediação do sensível. Durante a vivência serão apresentadas espécies da botânica de encantarias, costurando histórias y prátcas de manutenção da memória afropindoramica. Esta vivência pode ser lida como um ritual, uma experiência de comunhão com as plantas desse chão! Uma imersão provocada em torno da construção poétca de Rastros de Diógenes, objeto de artes de Dyó Potguara, Artista visual multimídia que pesquisa intervenções poétcas y social da corpa que foge, luta y festeja em contato com o território."
Fotografias resultantes da imersão dos dias 28 e 29/11/2020:
Aguí Berenice / Rio de Janeiro - Solo Fértil
Beatriz / Niterói - Fotografia cura à mão
Dani Sepúlveda / Cidade do México - Fotografia com Peiote
Doda Paranhos / RJ-Salvador - Fotografia com Boldo (Tapete de Oxalá)
Walla Capelobo / MG-Rio de Janeiro - Fotografia com Boldo(Tapete de Oxalá)
Rastros de Diógenes, é objeto de artes de Dyó Potiguara. Artista visual multimídia y pesquisadora originária de Mamanguape. Sua poética encruzilha-se entre os costumes afropindorâmicos y a grafia das sementes. Foi artista residente do programa Capacete / Mam Rio. @rastrosdediogenes
Aguí Berenice / Rio de Janeiro - Solo Fértil
Beatriz / Niterói - Fotografia cura à mão
Dani Sepúlveda / Cidade do México - Fotografia com Peiote
Doda Paranhos / RJ-Salvador - Fotografia com Boldo (Tapete de Oxalá)
Walla Capelobo / MG-Rio de Janeiro - Fotografia com Boldo
(Tapete de Oxalá)
Na sutileza das entrelinhas, se a reflexão for atenta, a ideia de que “o mal deve ser cortado pela raiz” COMUM – como nos diz um ditado popular – revela o poder e a força das raízes. Raiz é base, sustenta, ajuda a nutrir e participa da manutenção do organismo vivo, onde nascem folhas, flores e frutos. A nós, nos remonta às origens, nos fazendo lembrar que também temos nossas raízes. Raízes em comum.
Não sem razão a escolha do nome desta exposição se mostra forte e coletiva, abraçando temas que perpassam pela herança e ancestralidade afro-brasileira, raiz comum a todas e todos nós, pela raça e pela cor, pela invisibilidade, pelos desafios, pelas escolhas reduzidas, pelos direitos humanos, pela favela, pelos corpos negros, pela família, educação e cultura, pela desconstrução, pelas misérias reais, como nos lembra Carolina Maria de Jesus, e pela felicidade.
Aproximando, ocupando espaços e celebrando todas as formas e suportes de expressão, encontram-se aqui reunidas mais de 17 artistas, pesquisadoras e pesquisadores, pensadoras e pensadores, intelectuais e mentes criativas que se permitem libertar e pensar sobre racismo, preconceito, violência, gênero, religiosidade, ancestralidade, afeto e esperanças, mesmo diante de uma realidade que oprime e extermina a população negra.
As obras dialogam com as existências, com o cotidiano, com a vida social, cultural e religiosa dessas mentes, corpos e corações criativos, tocando aquela ou aquele que observa, que assiste, que sente, ora pela sutileza, ora pela beleza, ora pela tristeza, ora pela dureza.
E duras não se tornam as raízes? Fortalecer raízes para uma árvore bem estruturada é o que idealizamos com esta exposição e também o que idealizamos e sonhamos para esta nação. Um povo sem o conhecimento de sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes (Marcus Garvey, ativista jamaicano). É tempo de (re)construir as nossas.
E não andamos sozinhas, não estamos sozinhas, estamos atentas, fortes e não tememos a morte, pelo contrário marchamos juntas cultivando um sonho profundamente enraizado de que seremos capazes de trabalhar, orar e lutar juntas. Sigamos.
Artistas participantes: Ágatha Fiuza, Átila Bee, Clementino Junior, Coletivo Negras[fotos]grafias: {Adriana Medeiros - Ana Paula Alves Ribeiro - Aparecida Silva - Bárbara Copque - Débora Santana - Tetê Silva - Paula Eliane - Simone Ricco - Thaís Alvarenga} , Daniel Santos, Dayse Gomis, Hully Roque, Jean Araújo, Jefferson Medeiros, Jennifer Reis, Mariana Maia, Ricardo Sacih, Thiago Ortiz, Tiago Sant'Ana, Vitor Vanes, Xilopretura, Yhuri Cruz.
Agradecimentos: Isabela Godoi, Bruna Andrade dos Santos, Cineclube Atlântico Negro, Cláudia Maria de Farias, Dandara Santos, Erika Cândido, Elisa de Castro, Gleysser Ferreira, Jaqueline Gomes, Jefferson Vasconcelos, Joel Ferreira, Juciara Awó, Leon Reis, Luana Ará, Luandeh Chagas, Matheus Valadão, Mariane Duarte, Marcelle Sant’Anna, Mariana Egmídio, Maíra Oliveira, Paula Andréa Lucas Machado, Uilton Oliveira.
AO LONGO DA LINHA DO TREM
A Exposição "Ao longo da linha do trem" ocupou o SESC Engenho de Dentro, durante o período 29/05/19 a 12/08/19 e exibiu uma releitura de uma outra obra, que o artista Carlos Contente fez em 2003 para expôr na Estação Central do Brasil, junto com outros artistas em um evento que ocupava o espaço de entrada da Central.
Consistia de uma longa sequência de desenhos narrando a luta pela sobrevivência e as aventuras amorosas, de um personagem popular.
O trabalho foi em parte destruído por anônimos que pareciam não concordar com o desenho dos corpos femininos apresentados. Ironicamente logo na saída da estação, a banca de jornal nos impunha, impávidos e inquestionáveis os seus cânones de imagem do feminino – vulgares e coisificados, por sinal. E apesar do contratempo, o encontro com o diverso e sua imprevisibilidade são os afetos que parecem interessar ao artista, tanto no que se refere a linha do desenho como na linha do trem.
Curadoria Jacqueline Melo
www.facebook.com/events/sesc-engenho-de-dentro/ao-longo-da-linha-do-trem/2310266822363926/
COSME & DAMIÃO
Seguindo a tradição e em parceria com a Casa da Escada Colorida, o Dia de Glória "Cosme & Damião" fez uma doce convocatória de amor e afeto para que qualquer criativo enviasse a sua arte [desenho, ilustração ou frase] para ilustrar os saquinhos de doces enchendo-os de guloseimas e arte.
Essa DOCE CONVOCATÓRIA, contou com o talento de 26 artistas, R$ 950,00 arrecadados e a distribuição de mais de 500 sacos de doces no dia 27 de setembro de 2019, uma alegria para todxs que participaram.
Muito obrigada pelo carinho e confira nas imagens como foi e até a próxima!
Artistas participantes: Ade Evaristo, Adriana Linhares, Alex Marinho, Ana Klaus, Bete Esteves, Carlos Contente, Camila Braga, Clara Machado, Corua, Daniela Rodrigues, Eduardo Mariz, Felipe Veríssimo, Hugo Houayek, Julia Arbex, Letícia Capella, Lívia Frias, Marcelo Oliveira, Mariah Santos, Mônica Coster Ponte, Paloma Buquer, Pedro Patreniere, Ricardo Sacih, Rodrigo Pinheiro, Rosane Soares, Vitor Vanees, Viviane Teixeira.
Agradecimento: Ade Evaristo, Ana Klaus, Aline Marins, Alice da Palma, Alex Marinho, Bia Petrus, Bruno Girardi, Casa da Escada Colorida, Café Colorido, Leila Oliva, Leonardo Antan, Marcelo Oliveira, Mariana Genescá, Paloma Buquer, TVa2 Produções e Rachel Balassiano.
A exposição "Inundação" idealizada pela artista Bete Esteves, contou com a curadoria de Marcelo Campos e a participação de artistas contemporâneos que interviram e dialogaram trazendo obras e expondo-as junto e entre a coleção do Museu Casa do Pontal que conta com um acervo de mais de 8 mil peças das variadas culturas rurais e urbanos do pais e que estava fechado por conta das chuvas ocorridas no início do ano 2019.
O ponto de partida da exposição foi de refletir sobre esses episódios "é a lama, é a lama". Mistura pegajosa – matéria orgânica e água –, a materialidade recebe destaque nessa ativação tanto pelo fato de a chuva ter levado terra molhada e pastosa para dentro das galerias como por ser a terracota a matéria prima presente em parte expressiva da arte popular brasileira.
Também destacamos a presença da lama na mitologia de várias culturas como princípio
gerador de vida. Assim, queremos renascer.
Artistas participantes: Adriano, Agrippina R. Manhattan, Ana Miguel, Anis Aura Yaguar, Ayrson Heráclito, Bárbara Copque, Bete Esteves, Brígida Baltar, Cadu, Ciça, Cristina Salgado, Cypriano, Dadinho, Daniel Murgel, Dartiel Santiso, Efrain Almeida, Elizabeth Franco, [Experiências Indiciais com Ana Alves, Carolina Passaroni, Luiza Coimbra, Manu Neves], Galdino, Gustavo Torres, Iah Bahia, Inês de Araújo, João Hisse, Jonas Arrabal, José Otávio, José Rufino, Kammal João, Kátia Maciel, Lívia Flores, Lucas Bevilaqua, Luiz Conrado, Lula Buarque de Hollanda, Manoel Galdino, Manoel Graciano, Manuel Vitalino, Martha Niklaus, Max Willa Morais, Mayara Velozo, Mestre Vitalino, Millena Lízia, Mulambo, Nadam Guerra, Nhô Cabloco, Nino, Raquel Versieux, Renato Bezerra de Mello, Robnei Bonifácio, TheoS, Thiago Ortiz, Tiago Sant'Anna, Tomaz Bevilaqua, Véio, Victor Oliveira, Vitalino, Yhuri Cruz, Zé Alves, Zé Carlos Garcia, Zé Cabloco, Zé Rodrigues e Zelinho.
Ficha Técnica
IDEALIZAÇÃO Bete Esteves
CURADORIA Marcelo Campos e Grupo de pesquisa Arte e Itinerários culturais [Rafael Tenius - Lua Costa - Maria Mexias - Rudolf Kurz - Maria Abdulatif - Cypriano]
PRODUÇÃO Jacqueline Melo
IDENTIDADE VISUAL Complexo D Bete Esteves e Lucas Bevilacqua
MONTAGEM KBedim - Rogério Cândido
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA Inês de Araújo e Projeto Experiências indiciais [Ana Alves - Carolina Passaroni - Luiza Coimbra - Manu Neves]
AGRADECIMENTOS Museu Casa do Pontal - Portas Vilaseca Galeria - Simone Cadinelli Arte Contemporânea - Athena Galeria